terça-feira, maio 23, 2006

A Escolha Humana do Mal - Depravação Total na Prática.

Alguns anos antes da Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill escreveu: " Certo é que, enquanto os homens estão reunindo poder e conhecimento como sempre crescente rapidez, as virtudes e a sua sabedoria não têm mostrado nenhum aperfeiçoamento perceptível com o passar dos séculos. Sob suficiente pressão - fome, terror, paixão guerreira, ou mesmo o frio furor intelectual, o homem moderno que conecemos tão bem praticará os mais terríveis atos, e a sua mulher moderna estará com ele, apoiando-o".

Essa afirmação parece muito deprimente e, sem dúvida, a intenção é que o seja. Mas é realista. Reconhece os fatos como fatos e rejeita o tipo de visão simplista da história que vê o homem evoluindo para a maturidade e deixando pra trás de si as cruezas e crueldades das eras primitivas. A verdade é que vivemos num mundo mau deveras. Até Gibbon, em sua obra, Declínio e Queda do Império Romano - chegou à deprimente conclusão de que "a história é pouco mais que um registro dos crimes, loucuras e infortúnios da humanidade" - E Dean Inge, com a sua característica e abrupta penetração nas situações humanas, não hesitou em dizer que "muitas vezes o diabo capturou as organizações que foram formadas para derrotá-lo, e depois as utilizou para os seus próprios fins".

Naturalmente, a Bíblia tem a sua própria filosofia da história. Toda a história, afirma ela, começa com Deus, está sob Deus, e terminará segundo a vontade de Deus. Mas a revelação bíblica do mal moral na história humana é muito sombria e devastadora. O pecado está em toda parte. De acordo com a Bíblia, não podemos compreender a história se não reconhecermos a feia realidade do mal por trás da história e a tendência do coração humano para o mal, desde o nascimento até a morte. Quando Paulo escreveu a Timóteo, disse-lhe: "Os homens mais e enganadores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados" (2Tm 3.13), dando-nos em poucas palavras a história que conhecemos e experimentamos, a históira de ontem e de hoje: "E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos esfriará" (Mt 24.12) - disse o nosso Senhor. Este é o relato real da história humana, o relato da ininterrupta escolha humana do mal. O homem mancha tudo o que toca. Ele arrasta para baixo as coisas elevadas, misturando-as com terra e as enlameia com a sua concupiscência. Perto do fim do Seu ministério, o nosso Senhor deu uma previsão da história; as palavras que Ele emprega com maior freqüência é: engano, guerra, fome, peste, terremoto, tristeza, ódio, egoísmo, falsos profetas, iniqüidade, e a perda do amor a Deus. É este o nosso mundo. Sempre foi assim. Os pecados de Nínive e de Tiro antem, são os pecados de Toronto e Tóquio hoje.

O pecado faz o homem desatento a Deus no século XXI como sempre o fez. O homem é atraído irresistivelmente para o mal;e, de acordo com a Bíblia, a única diferença eentre uma geração e as que a precederam é a aceleração da velocidade da degeneração.

O caos e a confusão terão licença para aumentar até ficar patente aos homens, anjos e demônios que o mal é autodestrutivo e que nenhuma vontade exceto a vontade de poderá restabelecer a ordem, a justiça e a paz na terra.
Isto o nosso Senhor ensinou claramente. Ele descreve o mundo como será quando Ele voltar, e o compara - não com os dias de ouro em que Israel buscava ao Senhor - mas com os dias terríveis que antecederam o dilívio, quando a iniqüidade e a tremenda rebelião da raça humana chegaram a um clímax que exigia juízo. "Como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como, nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos - assim será também a vinda do Filho do homem" (Mt 24.37-39). E outra vez: "Como também da mesma maneira acoanteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam; mas no dia em que Ló saiu de sodoma choveu fogo e enxofre, e os consumiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar" (Lc 17.28-30). Na análise que o nosso Senhor faz do coração humano em todas as eras, predomina o pessimismo; e, sem a graça divina, o homem nada pode fazer em seu próprio benefício. A história toda é uma narrativa da escolha que o homem faz do mal, e do homem como o arquiteto da sua própria ruína. A total irracionalidade do comportamento humano transparece em todos os níveis - entre os povos mais primitivos, como os bosquímanos do deserto de Calaari, e nas cidades computadorizadas, tecnológicas, sofisticadas dos povos do Oriente ou do Ocidente. O pecado é o fator inevitável em nossa história; e se tivermos dificuldades em acreditar nisso, lembremo-nos de que, embora nos tenhamos tornado vizinhos, com comunicação instantânea mediante os satélites "Tel-star" e "Early Bird", e embora nos tenhamos tornado vizinhos em facetas da industrialização e nos modelos de urbanização, também nos tornamos vizinhos no risco da destruição total. O nosso Senhor disse que seria assim. O Jornal sobre nossa mesa matutina é toda a confirmação que necessitamos acerca da veracidade da Sua análise do mundo do homem.
A Bíblia relata a história do homem, e desde o princípio o homem vem escolhendo o mal. Colocado no Jardim do Éden, o homem escolheu o mal em vez do bem, e caiu da graça. isso está registrado no capítulo 3 de Gênisis e, quando chegamos ao capítulo 6, lemos que "viu o Senhor que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra, e que toda a imginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente" (Gn 6.5). Depois veio o dilúvio e a promessa de um novo princípio; mas, ao tempo em que chegamos no capítulo 11, surge um povo determinado a edificar uma torre que chegasse ao céu e assim perpetuasse o seu nome. Deus não está nos seus pensamentos. Ele é o Ser esquecido. O que se segue é do mesmo estilo. Os homens das cidades da planície são "maus.. e grandes pecadores contra o Senhor" (Gen 13.13). A sodomia se estabelece em Sodoma. As tribos de Canaã vêm a ser sinônimo de abominação e luxúria. O Egito oprime e os filisteus só vêm para devorar. A Assíria desce veloz como um lobo sobre o rebanho, enquanto que a Babilônia leva embora os habitantes de Israel e Judá, para o cativeiro.
Tudo isso os profetas viram e entenderam. Sob a inspiração do Espírito, puderam ver os seus dias em sua essência. Ouviram o bater do seu coração, e ouviram os ominosos murmúrios do juízo iminente. Amós, com a sua ilibada capacidade de ler as lições da história, escrutou as nações ao redor e lhes falou dos pecados que cometiam. "O Senhor bramará de Sião, e de Jerusalém dará a sua voz, nas habitações dos pastores haverá pranto e secar-se-á o cume do Carmelo" (Am 1.2). Por quê? Por que esta ira e fúria de Deus? Por causa dos pecados das nações. "Por três transgressões de Damasco, e por quatro, não retirarai o castigo, porque trilharam a Gileade com trilhos de ferro" (Am 1.3) - mas Damasco não está só. Ultraja após ultraje vem descrito com pormenores a respeito de todas as nações ao redor de Israel - a Filistia, Tiro, Edom, Amom, Moabe. Nem Judá e Israel escapam. Também transgrediram a agiram impiamente. E todas estas nações são intimadas a comparecer ao tribunal do juízo divino. São citadas para virem perante o supremo Juiz, "que ama o juízo". A mensagem é clara. Deus vê o pecado delas, nota os seus maus caminhos e não lhos escusa. À vista de Deus, não existe um tipo especial de moralidade parqa políticos ou diplomatas. A lei do Sinai abrange os pecados das nações, bem como os pecados dos indivíduos. Os interesses nacionais não as livram da lei moral. Foi isto que Amós viu e declarou a sua geração, como também a todas as gerações subseqüentes. A justiça de Deus não é cega. Ele vê os corações e sobe o que os nossos corações contêm. Portanto, "o Senhor bramará de Sião e de Jerusalém dará a sua voz". Pois a traição e a injustiça andam empinadas nas ruas e a justiça está longe. Esta é a escolha do homem. Ele se apega ao mal, individual e coletivamente. Em injustiça ele suprime o bem.
Em parte nenhuma se vê isto mais claramente do que no Calvário. Na plenitude dos tempos Deus enviou o Seu Filho ao mundo. O amor encarnado andou entre os homens, mas estes O desprezaram e O rejeitaram. "Então todos tornaram a clamar dizendo: Este não, mas a Barrabás. E Barrabás era um salteador" (Jo 18.40). Em toda a história do homem não há nada mais desastroso do que isto. Ele escolhe um assassino em lugar de Cristo. Condena a cruz o Varão da Galiléia. O mesmo destino espera os Seus servos. A Igreja é perseguida pelo mundo, os santos são martirizados, a verdade é rejeitada...
João em Patmos recebe discenimento do próprio coração da história toda. Ele vê uma grande cidade Babilônia - e lhe chama, "a mãe das prostituições e abominações da terra" (Ap 17.5). Esta Babilônia é a concentração de tudo que seduz o homem, afastando-o de Deus, é a concentração da luxúria, do vício e do fascínio deste mundo. Ela é apresentada como um poderoso centro de indústria, arte, comércio, cultura e sofisticação. Seu verdadeiro coração, porém, é ímpio, e o seu verdadeiro intento é a sedução das pessoas... Esta cidade é tão velha quanto o homem. Dura através das eras, passadas, presente e futuras. Não muda nunca. A forma pode varia, mas a essência é sempre a mesma. Os impérios do mundo antigo se resumem neste nome - Babilônia - seja Sinear sob Ninrode, ou os faraós egípcios, a Assíria, a Neo-Babilônia, a dinastia medo- persa o reino greco-macedônio, o império romano... todos estão incluídos e são todos a mesma coisa. São fundados sobre a força e estão impregnados de corrupção.
Esta é a história do homem do ponto de vista do céu. O mundo em que vivemos é um mundo arrogante, amante do prazer, ímpio e sedutor, mundo que, em momento de crise, sempre escolherá o mal e se afastará do bem.
Como era de esperar, é a Paulo que devemos a mais exata e exaustiva análise da situação humana. Em Romanos, Capítulo 3, ele sonda o coração do homem e faz este diagnóstico, em grande parte extraído dos Salmos:
Não há um, nem um sequer.
Não há ninguém que entenda;
não há ninguém que busque a Deus.
Todos se extraviaram, e
juntamente se fezeram inúteis.
Não há quem faça o bem, não há nem um só.
A sua garganta é um sepulcro aberto;
com as suas línguas tratam enganosamente;
peçonha de áspide está debaixo de seus lábios;
cuja boca está cheia de maldição e amargura.
Os seus pés são ligeiros para derramar sangue.
Em seus caminhos há destruição e miséria;
e não conheceram o camunho da paz.
Não há temor de Deus diante de seus olhos (Rm 3.10-18).
Esse é o pessimismo bíbilico referente ao homem. Declarado em sua mais absoluta forma. Há um, fatal, gravitacional, impulso para baixo no homem, impulso que ele é incapaz de corrigir. O pecado infeccionou a sua mente, as suas emoções, a sua consciência, a sua imaginação. E o pecado quando consumado produz a morte
Há boa razão para o pessimismo bíblico. Somos todos irmãos - somos todos Cains e Abéis. O homem é presa da degeneração moral. A sua história consiste na escolha do mal. Ele vê os seus pecados repetidos nos seus filhos. Tente o quanto puder, ele não consegue escapar do pecado que esmaga e anula os seus mais elevados esforços. Quando gostaria de fazer o bem, o mal está presente com ele. O pecado, agora é seu Senhor.
W. Fitch