quarta-feira, abril 26, 2006

Se o Viver é Cristo...

Um escritor espanhol - Noel Clarasó, disse que a "vida é um naufrágio onde, na última hora, só se salva o barco" - Muitas vezes, pessoas na igreja tem a mesma dificulldade em enfrentar essa realidade, a sua própria morte. Vivem na filosofia de La rochefoucaud, escritor francês do século XVII - "O sol e a morte não podem ser olhados fixamente" - Isso não pode ser a verdade a nosso respeito.
Outros apelam pra o humor para enfrentar um assunto tão "delicado e desagradável" - eu acho que o Millor Fernandes aí é insuperável: "O pior não é morrer. É não poder espantar as moscas" - "Um cadáver é o produto final. Nós somos apenas a matéria prima". Mas o escritor americano, David Gerrold mostra que podia ser pior: "A vida é dura, então você morre. Depois jogam sujeira no seu rosto. Finalmente, as minhocas comem você. Seja grato que isso aconteça nesta ordem".
Por mais imaginosos que sejamos, não podemos imaginar o céu como realmente ele é. Certa vez um sábio disse: "Se pudéssemos imaginar a experiência mais agradável possível e pensássemos na possibilidade de repetí-la por toda a eternidade, estaríamos imaginando algo mais próximo do inferno do que do céu". Absoluta felicidade é inimaginável para nós. Nós não temos uma referência verdadeira para isso aqui neste mundo. Portanto a vida após a morte não pode ser claramente imaginada, mas sim crida. Muitos se sentem como Hamelt que preferia: "gemer e suar debaixo de uma vida dura, ante o pavor de algo após a morte. O país desconhecido de cujas fronteiras nenhum viajante jamais retornou, intriga a vontade. E nos faz preferir suportar os males que temos, que voar para outros dos quais nada conhecemos. Assim a consciência nos torna a todos covardes" - Hamlet, Ato III, Cena I.
Uma das coisas mais difíceis que o homem experimenta ao se aproximar da morte, é o conhecimento angustiante de que essa é a jornada que ele fará sozinho - não haverá companhias humanas. Podem haver queridos a sua volta, segurar suas mãos, mas é só.
Temos a tendência em pensar na morte como perda. O apóstolo Paulo declara: "Porque estou certo de que isto mesmo, pela vossa súplica e pela provisão do Espirito de Jesus Cristo, me redundará em libertação, segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado; antes, com toda a ousadia, como sempre, tembém agora, será Cristo engrandecido em meu corpo, quer pela vida quer pela morte., porquanto para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Entretanto, se o viver na carne traz frutos para o mei trabalho, já não sei o que hei de escolher: Ora, de um e de outro lado estou constrangido, tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor" (Fl 1.19-23).
Esse melhor, é mais do que uma melhora ligeira - O ganho é INCOMPARÁVEL: "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda a comparação, não atentando nós para as coisas que se vêem, porque as que se vêem são temporais, e as que não se vêem são eternas. Sabemos que se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos da parte de Deus um edifício, casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso, neste tabernáculo gememos, aspirando por ser revestidos da nossa habitação celestial... para que o mortal seja absorvido pela vida" (2Co 4.17-5.5). O contraste tremendamente desenvolvido por Paulo aqui é entre o temporário e o permanente - o temporal e o eterno.